O Eleito

domingo, janeiro 29, 2006

Fim

FIM

O Eleito

Chegámos à recta final. À meia-noite, ser-nos-á cortada a palavra. Durante cerca de 3 meses - 23 Outubro 2005 / 29 Janeiro 2006 - foram sendo publicados os 710 posts que compõem este blogue. Em debate estiveram temas como Monarquia vs. República, semi-presidencialismo vs. presidencialismo, financiamento dos partidos políticos e, claro, as presidenciais - tema que ocupou grande parte da sinergia d'O Eleito. Esteve certa a revista Visão quando nos elegeu o blogue sobre as presidenciais mais isento da blogosfera: de facto, a heterogeneidade das nossas posições políticas foi a imagem de marca d'O Eleito. Um balanço positivo, sem dúvida. Passei a ter como leitura e companhia diária os posts dos eleitos. Por detrás da frieza de um teclado e das letras que dele se soltam, e através do fio condutor das nossas ideias políticas, fomo-nos conhecendo aos poucos. Todos nos enriquecemos a cada experiência que passa, e esta não foi excepção.
Continuarei como sempre por Aveiro [recomenda-se cada vez mais], dividindo o meu tempo entre o Dolo Eventual e a restante blogosfera, entre a minha escrita e os amigos, entre o despertar da minha carreira de advogado e o cinema. Não mais divido o meu tempo entre a leitura e a postagem n'O Eleito, mas continuarei a seguir os colegas nos respectivos blogues. Terei, por outro lado, o privilégio de conhecer pessoalmente alguns dos eleitos no jantar do próximo Sábado. Por isso, o meu simples até já.

Até Já!

E cá estamos...

O projecto d'O Eleito até nos correu bem. Na verdade cheguei a ter receio de um flop. É que isto de nos instalarmos na terra de ninguém tem os seus custos garantidos. Mas valeu a pena. A nossa ideia era discutir a república e as presidenciais a partir das suas margens, a partir de quem nada tinha a ganhar ou a perder. Era uma ideia arriscada ou “sem jeito nenhum”. E era mesmo! Por isso tivemos o cuidado de recrutar quem estava menos a jeito para estas coisas, com quem diz, quem pudesse ir a jogo sem medo de perder. No fim, ganhámos todos.

Como disse o Tiago Alves, o DoloEventual é um «blogue que se mete em trabalhos». Fazemos questão de continuar a explorar todas a potencialidades da blogosfera e outros projectos surgirão. Contudo, O Eleito morrerá aqui. Tomámos nota das sugestões do José Raposo e do Jorge Ferreira. Em particular, esta última, a de reconvocar as hostes para um O Eleito II a propósito do debate do referendo do aborto parece-me muito interessante. A seu tempo veremos. Para já, eu e o Pedro queremos dedicar mais tempo ao DoloEventual.

Pelo meu lado, também vou estar muito ocupado a desencalhar a minha tese de mestrado sobre a indústria e comércio livreiro no Porto na segunda metade do século XIX (podem acompanhar o meu bloco-notas aberto aqui: http://acidadeolivro.blogspot.com) e a coordenar a produção de uma exposição de arte contemporânea a realizar na Baixa do Porto em pareceria com SRU PortoVivo (dentro de pouco tempo serão divulgados mais pormenores, para já só posso acrescentar que será uma exposição com cinco jovens artistas portugueses e um japonês). A isto ainda acresce o tempo que tenho em dívida para com os meus alunos.

Mesmo com a agenda completamente minada, atrevo-me a deixar no ar uma sugestão, na esperança de que alguém com mais disponibilidade a possa pôr em prática: Um blogue que, na linha do O Eleito, assumisse a missão cívica de «observatório das actividades presidenciais», constituído por bloggers de todos os quadrantes políticos, contanto que fosse encabeçado por um blogger cavaquista (para evitar más interpretações) com o objectivo de continuar a discussão para além do período eleitoral. Seria, ao mesmo tempo, um compêndio de informação sobre a acção do PR e um fórum de discussão. Fica o desafio no ar.

Fica aqui um abraço e os meus agradecimentos a:

Afonso Henriques
Américo de Sousa
Biranta
Isabela
João Oliveira
Jorge Ferreira
José Raposo
Karloos
Luís Bonifácio
Manuela Fonseca
Mário Almeida
Paulo Cunha Porto
Paulo Pereira
Paulo Salvador
Tiago Alves

E, claro, a:
Pedro Santos Cardoso

Até já!
(como quem diz: até Sábado, dia 4, no Festim do Eleito)

Recta Final

Andava eu na minha vida habitual a escrever umas coisas para consumo interno quando me chamou à atenção o Dolo Eventual, que passou a ser uma consulta habitual. Mal sabia que os "Dolos" acabariam por me convidar para este trabalho de dissertação politica colectiva...
Aqui n'O Eleito irritei-me e sorri com as opiniões que foram aparecendo e isso só pode querer dizer que valeu a pena, pois as melhores coisas da vida são aquelas que não nos são indiferentes.
Para o Pedro e para o David o meu obrigado pelo convite.
Para todos, obrigado pelo desafio que foi participar neste projecto nos ultimos meses.

Até Sempre

Nunca tinha participado num blogue colectivo. Fui "Eleito" pelo João Oliveira, a quem agradeço a lembrança, num almocinho na Versalhes, em Lisboa, entre as correrias do dia-a-dia, para participar nesta inédita e bela experiência. Apesar das tirânicas ocupações do dia-a-dia e apesar do Tomarpartido, do Olissipo, do Jorge Ferreira e do Comunicar a Direito, participar em O Eleito foi um tempo de prazer intelectual. Nem sempre a falta de tempo me permitiu, como gosto, de replicar e dialogar mais com os colegas. Mas o balanço é mais que positivo.
Agradeço também aos moderadores a hospedaria e a mestria com que exerceram as funções. Ainda não sei se no próximo sábado poderei estar no jantar em Aveiro. Outras ocupações de natureza partidária reclamam a minha presença. Mas mesmo que não esteja lá fisicamente estarei em espírito e proponho até que o jantarinho passe a ser uma regularidade. Até porque a política não morreu e outros momentos se aproximam em que talvez se justifique reabrir o estaminé. Estou a pensar a título de exemplo no prometido referendo sobre o aborto.
Obrigado a todos. Até sempre.

Em Jeito De Despedida!

Na “pré-história” das teorias do comportamento uma das discussões que mais apaixonavam os teóricos versava sobre os factores determinantes do comportamento humano. Uns defendiam que o comportamento era determinado pela “informação genética” (coisa que, nessa altura, não se sabia bem o que seria), que se herdava, por nascimento, sendo transmitida pela linhagem; outros, mais “materialistas” desmentiam essa tese dizendo que eram a “educação”, a instrução, a experiência, os factores determinantes do comportamento.
No século XVIII estas teses resumiam-se, respectivamente, nas seguintes frases: “Penso, logo existo!”; à qual os defensores da segunda tese contrapunham: “Existo, logo penso!”.
É óbvio que estou a assumir, aqui, como “comportamento” não apenas a forma como as pessoas actuam, mas também as suas opiniões e opções ideológicas.
Hoje sabe-se que nenhuma daquelas “teorias”, explicativas do comportamento humano, está completamente certa.
As pessoas são, via de regra, um misto de “informação genética” e experiência, “educação”.

Como todas as regras, também esta tem excepções. Com todos os conhecimentos actuais sobre o genoma humano, sabemos que há casos em que a informação genética parece ser o factor determinante, mas muitos outros casos há em que a experiência tem um papel tão decisivo que até determina alterações profundas nos comportamentos e concepções dos respectivos indivíduos, em função da vivência de determinadas experiências ou acontecimentos.

Falando-se de comportamento, temos que referir que também é inegável a existência dum padrão de comportamento, maioritariamente adoptado, que é determinado pelas condicionantes sociais, pelo funcionamento da sociedade e das instituições, determinado “superiormente”. Quero eu dizer que a forma como uma sociedade é governada e organizada, a forma como funcionam, ou não, as instituições, determina, maioritariamente, o comportamento do seus elementos, ao contrário do que se pretende fazer crer, frequentemente, entre nós, culpando a “natureza humana” e “os outros”, pelas nossas desgraças.

Nas filosofias orientais (onde predominam as “ideologias” em que o indivíduo encontra a sua máxima realização, na harmonia do “conjunto”) uma parte das pessoas “cultas” interage, com a sociedade, também, através da meditação; ou seja: usando uma capacidade humana que é, entre nós, quase clandestina: a energia.
A vantagem desta postura filosófica é que ela “nos” leva a evitar ter atitudes más e perversas, prejudiciais à sociedade, ou com efeitos negativos, porque isso afecta negativamente, “o equilíbrio” do conjunto, prejudicando-nos a nós também. Outra vantagem é que se valoriza o bem-estar comum, porque ele contribui e é determinante para a felicidade pessoal, também, por aquela interacção.
Há outro mérito nesta maneira de estar na vida: a falsidade e a astúcia usadas para prejudicar o conjunto em prol de vantagens particulares são desprezadas, não só devido ao referido efeito perverso, que atinge também o indivíduo, mas também porque essas atitudes e os respectivos protagonistas ficam facilmente expostos, por ser perceptível, para algumas outras pessoas, através das percepções “energéticas”, que são elementos perniciosos.
Semelhantemente, também acho que chegámos a uma situação eu que “ou nos salvamos todos, ou vamos todos para o fundo”, de nada servindo as “vantagens” particulares que alguns têm a ilusão de obter, em detrimento de todos…
Apesar de tudo o que fica dito, a meu ver, a forma como as pessoas se comportam, neste contexto (da interacção social) é, fundamentalmente, resultante da “educação”, do conhecimento, do nível de cultura, do nível intelectual (é importante ter capacidade para perceber o quanto os actos perversos nos afectam a todos, mesmos os que praticamos pensando tirar vantagem).
Esta coisa das energias, e seus efeitos, é comum a todas as pessoas. Digamos que a sua concretização mais “vulgar” se traduz naquilo a que os romancistas decidiram chamar “amor à primeira vistas”. Mas há muitas outras situações em que estas “energias” são bem perceptíveis… basta ter atenção! Digamos que é assim que se explica que os que prejudicam a sociedade não possam nem consigam ser felizes... Digamos que é assim que se explica aquela teoria de que as pessoas "infelizes" atraem "infelicidade"...

Nós, ocidentais, que encaramos as coisas doutro modo, costumamos explicar (ou condenar) os comportamentos como sendo impulsivos, impertinentes, imprudentes, ou malcriados (culposos) até… sem termos em conta a coerência das próprias pessoas, no meio de todo o “desconforto” do conjunto, que as afecta…
É que, em situações como a que vivemos, neste “conjunto”, é natural que as perturbações no “bem-estar” colectivo e, consequentemente, na harmonia energética, afecte as pessoas mais sensíveis e explique os seus comportamentos, “inexplicáveis” para alguns.
O drama dos contestatários é que não lhes será possível ter “sossego”, sem que o “bem-estar” comum esteja minimamente garantido. Esta viagem não tem volta… é uma “opção” sem alternativa.
No entanto, qualquer pessoa de bom senso questiona a bondade das suas próprias convicções, opiniões e propostas, constantemente.
É da discussão que nasce a luz! E é com o confronto de ideias e conceitos que os nossos próprios conceitos se fortalecem, se aperfeiçoam… ou abanam e se alteram
(quando há capacidade, e espaço, para melhorar).
Ora, para haver confronto de ideias, é necessário que existam “espaços” de debate, de democracia, onde a democracia seja possível. Quando se instala a “paz podre” a degradação é inevitável e imparável…

Aqui, em “O Eleito” esse confronto de ideias foi possível, foi útil e foi “estimulante”.

Resta-me pedir desculpas aos “confrontantes” mais sensíveis (ou menos habituados à contestação). Espero que todos tenhamos crescido um pouco.
O Eleito valeu a pena; mas, se cada um cresceu um pouco, valeu um pouco mais a pena!
O meu balanço é muito positivo!
Um abraço a todos!

sábado, janeiro 28, 2006

Até À Próxima


Foi com gosto que fui acompanhando e participando no debate sobre a res publica, iniciativa dos Dolos Eventuais David Afonso e Pedro Santos Cardoso proprietários do estabelecimento por eles crismado de O Eleito.
Agradeço a oportunidade que me foi dada de ter feito parte da tripulação desse cargueiro de opiniões diversas, por vezes díspares e frequentemente antagónicas, um espaço muito próprio, plural nas convicções e democráticamente abrangente. Uma iniciativa (esta sim) fixe.
Bem hajam.

COMUNICADO II

COMUNICADO II

Conforme foi comunicado anteriormente, O Eleito encerrará as suas portas já no dia 29 de Janeiro (Domingo) pela 20:00. Apenas dois bloggers manifestaram opinião em contrário e assumimos o silêncio dos que não se pronunciaram como uma anuência. Seria interessante que todos os intervenientes aproveitassem esta recta final para publicarem o seu balanço pessoal da iniciativa.

Entretanto, o Festim do Eleito está programado para Aveiro, dia 04 de Fevereiro, em local ainda a definir. Espero contar com a presença de todos. Pelo sim pelo não, este fim de semana os bloggers que ainda não confirmaram a presença no Festim serão notificados :)

quinta-feira, janeiro 26, 2006

O Festim Do Eleito

Amigos eleitos,

Para encerrar esta iniciativa propomos um Festim na sempre airosa Cidade de Aveiro no dia 4 de Fevereiro (Sábado). Só falta decidir duas coisas: a) Almoço ou Jantar?; b) Restaurante?
Deixamos ao critério dos comensais a questão a). Quanto à questão b), nós próprios estamos a tratar do assunto (mas estamos abertos a sugestões).
Convidamos todos os Exm.ºs camaradas de Blogue a confirmarem nos cometários a presença, bem como a preferência por almoçarada ou jantarada.

David Afonso
Pedro Santos Cardoso

“Apanhados” Da Noite Eleitoral!

Na noite das eleições, Soares e os membros do governo que o foram “cumprimentar” confirmaram as minhas suspeitas, ao afirmarem, repetidamente, o sentimento de “missão cumprida” por parte de Soares; bem como o agradecimento pelo seu esforço e disponibilidade em prol “do País”…
Claro!
Missão cumpridíssima!
Sempre foi evidente que a missão de Soares era “proteger” Cavaco da indignação dos cidadãos em relação aos abusos e desmandos (crimes) que têm sido praticados pelo governo…
Eu sempre disse que o candidato de Sócrates era Cavaco (acho que Sócrates votou Cavaco e não Soares).
Também disse que a “missão” de Soares era eleger Cavaco (provavelmente, até Soares votou Cavaco).
Não é que isso me incomode, especialmente. É que não gosto de ver esta gente vigarizar e manipular “as massas”. Ainda por cima de forma tão primária e cretina como definir o objectivo principal de “derrotar Cavaco Silva”, todos contra Cavaco (assim como um osso que se atira aos cães) quando pretendiam exactamente o contrário. Quando eles deitam mão destes estratagemas, só pode ser para os piores fins possíveis. Além de que isto não ajuda nada, pelo contrário, à necessária e premente elevação do civismo e dignidade colectivos.
Só Ana Gomes destoou deste consenso, ao dizer que Alegre se devia sentir culpado… Ana Gomes faz parte do grupo dos que, quando abrem a boca, “ou entra mosca ou sai asneira”… como não havia moscas, por ali…
Ana Gomes denunciou, bem, a lógica, pérfida, dos políticos que não só desprezam os sentimentos e o querer da população, como acham que podem, sempre, manipular as vontades e impor as suas próprias escolhas… desde que não haja alternativa… Não se trata de proporcionar a melhor escolha, mas de impor a que lhes convém, liquidando as alternativas…
Alegre cometeu o pecado de lesa mafiosos de se assumir como alternativa ao “lixo” do costume.
Ana Gomes explicou, bem, que não adianta esperar convencer os políticos a terem um comportamento mais digno, mais democrático e mais idóneo, para com os cidadãos. Não adianta “argumentar”, com gente tão pérfida assim, porque “eles irão continuar a ignorar-nos e a cometer todo o tipo de desmandos, enquanto puderem, enquanto tiverem o controle absoluto e incontrolável do poder, dos meios de decisão. Como muito bem explicou, com estas palavras, Ana Gomes, para eles a vontade do povo só conta se for a imposta por eles e pelas suas manipulações…

Cavaco, no seu discurso de vitória, para se redimir da atitude durante a campanha, começou por agradecer (prestar vassalagem) às “personalidades” e aos partidos apoiantes, com menção explícita aos respectivos líderes.
Só no final do discurso vieram as palavras “de circunstância”, tais como “ser o Presidente de todos os portugueses”.
Esta estrutura do discurso é nova e diferente. Habitualmente, estes discursos começam com as palavras “de circunstância”.
A dúvida que me assaltou, desde logo, foi:
Será que Cavaco quis descansar os partidos seus apoiantes, quanto à vassalagem que entende lhes ser devida e lhes vai prestar? Ou será que fez exactamente o contrário, tentando “saldar” as dívidas, com este agradecimento e se libertar das algemas?
Não creio que Cavaco tenha estrutura intelectual nem de carácter para “se libertar das algemas”… Até porque tem muitos conceitos, perversos, coincidentes com os destes partidos (de todos os partidos). Mas cá estamos para ver!
Tal como censuro e condeno os actos condenáveis, também cá estarei, para aplaudir, se for caso disso…

Chateia-me esta sensação de desconforto que sinto, por me parecer que “Cavaco em Belém” vai ser pior do que foi “Santana em S. Bento”.
De qualquer modo foi uma noite enfadonha…. Com tudo a decorrer como previsto!
Publicado também em Editorial e em Sociocracia

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Comunicado

COMUNICADO

Apesar do Ponto 4 dos nossos Estatutos prever o encerramento d'O Eleito apenas aquando da tomada de posse do novo PR, os moderadores propõem agora que se encerrem as portas deste estabelecimento já no próximo Domingo, dia 29 de Janeiro. Se existir acordo entre a maioria, a partir das 20:00 desse dia os bloggers serão desvinculados d'O Eleito. O blogue, no entanto, permanecerá consultável.
Caso a maioria dos colaboradores considere útil manter O Eleito até ao dia 9 de Março, nós acataremos a sábia decisão dos nossos companheiros. Convido todos a expressarem a sua opinião sobre este assunto nos comentários.
PS: Quanto ao jantar brevemente teremos notícias.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Notas Pós-Eleitorais 6

O CDS/PP já apareceu para cobrar a dívida recordando que sem o seu apoio a vitória de Cavaco não teria sido possível. Na sede deste partido moram aqueles que mais torceram por este resultado e aqueles que mais o festejaram. Porquê? Porque se o futuro PR tivesse sido eleito com os majestosos 60% ou se tivesse de recorrer a uma 2ª volta, o apoio de CDS/PP seria irrelevante. Assim, os 50,59% de Cavaco ainda permitem à formiga puxar o catarro. Pois estão a perder o seu tempo. Na cabeça de Cavaco o cálculo é outro: «Consegui a 1ª volta apesar do CDS/PP!». A única conta que o vencedor tem a saldar é com o centrão que o elegeu. Têm dúvidas? Quando a questão do aborto estiver de novo em cima da mesa vamos ver se Cavaco vai dar ouvidos à direita popular ou à maioria que o elegeu que é quase a mesma que elegeu Sócrates.

Notas Pós-Eleitorais 5

A erosão das intenções de voto no Professor Cavaco sugere duas coisas: 1. Apesar de a campanha eleitoral do candidato vencedor ter sido a mais profissional de todas, o cálculo da equipa foi bastante arriscado, dado que não parece ter existido uma estratégia alternativa: à boa maneira italiana, a candidatura limitou-se a defender a vantagem inicial; 2. Se, por acaso, a candidatura de Cavaco tivesse sido lançada uma semana antes, talvez o efeitos da erosão se tornassem irreversíveis. O único ponta-de-lança disponível era Soares e ele tudo fez para que Cavaco abrisse o jogo. Aqui fica a minha primeira crítica a Alegre: não atacou a candidatura à sua direita, limitando-se a rentabilizar o desgaste do esforço alheio.

Imprensa (24/01/2006)

In The End

Se me lembro bem, este blogue extingue-se depois das Eleições.
Assim sendo, acho que todos nós nos podemos orgulhar de termos, a exemplo dos senhores de Manuel Alegre, feito parte de um movimento cívico de debate. Se alguns acharam que o civismo se ausentou (e por isso se ausentaram), eu não posso concordar com eles, embora a sua decisão seja de respeitar.
Foi para mim uma grande honra fazer parte desta iniciativa (vénia aos Dolo Men) e espero que o sentimento seja partilhado por todos. Afinal, estivemos na linha da frente. Se o tempo (a falta de) e o imprevisto (o computador no estaleiro durante boa parte de Janeiro) me impediram de dar um contributo mais forte e assíduo, não me impedem de fazer um balanço final positivo desta jornada.
Apesar de a discussão da res publica ter sido suplantada pela discussão presidencial os pequenos debates e ideias não se perdem. Penso que todos saímos daqui um pouco mais ricos. Pelo menos um bocadinho. Menos o colega Biranta claro, que apesar de tudo ainda não percebeu que para ser eleito O Eleito tem de ter mais de metade dos votos validamente expressos. Isto exclui os brancos, segundo a Constituição. Mas mesmo que não excluísse (e não deveria), o professor seria eleito por 2745423 contra 2740189 (soma dos brancos com os dos outros candidatos). Isto porque os nulos, espero que concorde, não contam mesmo para nada! Ou quer o senhor considerar válidos boletins de voto com um orgão sexual masculino desenhado? Juízo.
Um abraço a todos e até sempre (e a almoçarada?). Só voltarei cá para responder ao caro Biranta.

Tiago Alves

É Normal

Mais extraordinário que a onda de apoio manifestada pela direita chineleira em torno de Sócrates após o faux pas cometido quando interrompeu as declarações de Manuel Alegre (*), é a naturalidade com que é encarado o destaque dado a Mário Soares e aos seus 14 e pouco por cento.
Ou não fosse isto Portugal.
Como teria dito Artur Jorge naquela manhã no Estádio Nacional depois de ter levado uns sopapos de Ricardo Sá Pinto: É normal, em Portugal, é normal...
(*) Afinal, ó tribunos do regime, sempre se tratavam das declarações do segundo candidato mais votado nas eleições para a Presidência da República.

Algo Se Perdeu Nestas Eleições ...

Por um voto se ganha, por um voto se perde.

Não costumava ser assim ?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Notas Pós-Eleitorais 4

A atitude de Sócrates e Soares perante Alegre é um erro. Soares ignorou Alegre no seu discurso de derrota e Sócrates fez uma marcação homem/homem nos directos da noite eleitoral. O Primeiro-Ministro vai minando o terreno à sua volta à laia de defesa contra esta ameaça. Má estratégia. O problema não será tanto Alegre - até porque este já deu a entender que nada o move contra o PS - mas o milhão de eleitores que apostaram no independente à força. Um dia, chegará a crise, o estado de graça não é eterno, e Sócrates cercado terá de desminar o terreno que agora histericamente armadilha. Aí poderá ser tarde demais. E era tão simples! Primeiro trancava-se algures a Ana Gomes e depois com um sorriso de lata poderia o líder socialista se gabar de pertencer a um partido que se renova e repensa a política, felicitando Alegre, desarmadilhando Alegre.

As Eleições Na Imprensa Estrangeira

Vencidos (5)

Por ordem decrescente de importância política: Marques Mendes, o Constâncio do PSD, Ribeiro e Castro, o Carlos Carvalhas do CDS, Santana Lopes, a prova de que o PSD não teve o seu Manuel Alegre, Paulo Portas, o especialista das últimas horas que regressa às origens do jornalismo anti-cavaquista desta vez na televisão, Vital Moreira, o polícia teórico-constitucional do estéril semi-presidencialismo português e Joana Amaral Dias, a líder da ala sistémica do desbloqueado Bloco.

Vencidos (4)

Jerónimo de Sousa. As únicas atenuantes que teve em relação a Louçã foram a excelente campanha que fez, ao contrário do seu concorrente e o facto de ter logrado mais de um por cento do que teve o PCP nas legislativas, demonstrando assim que vale mais do que o Partido. Mas a eleição de Cavaco é uma derrota histórica da esquerda toda, incluindo a dele e o discurso da reacção, aos resultados claro, mostrou um Jerónimo esquecido no mais puro estilo de metalúrgico de Pires Coxe, longe do líder afectuoso e simpático que tem sido.

Vencidos (3)

Francisco Louçã. O seu resultado não tem ponta por onde se pegue. A única consolação é ter conseguido as décimas suficientes para não ter de ir para a porta das igrejas fazer peditório para pagar a campanha. Foi confrangedor ouvi-lo falar do amplo movimento social. Onde é que esse movimento amplo pára? Terá ido de férias para a neve?

Vencidos (2)

Mário Soares. Cada vez que penso na sua candidatura só há uma palavra que me vem à cabeça.: desnecessário. A partir de ontem veio outra: inútil. Talvez para a semana chegue ainda outra: prejudicial.

Vencidos (1)

José Sócrates. Porque geriu com os pés o problema presidencial no PS. Porque sai das eleições com um partido de poder rachado ao meio. Porque revelou muito mais do que impaciência democrática, verdadeira arrogância política e desrespeito cívico pelos portugueses com a rábula de se sobrepôr a Alegre nos discursos da noite eleitoral. Para esquecer tudo o que fez antes, durante e depois das eleições.

Vencedores (2)

Manuel Alegre. Conseguiu convencer mais de um milhão de portugueses que a sua candidatura era contra o sistema partidário, ou pelo menos contra as decisões dos núcleos centrais dos partidos. É um caso bem sucedido de candidatura estritamente individual e com votos transversais. O problema maior é que não tem nada para fazer com os seus votos. O tom de desafio, o ar romântico, e o descomprometimento da sua candidatura foram eventualmente saborosos, mas inconsequentes e irrepetíveis.

Vencedores (1)

Cavaco Silva é o grande vencedor das eleições. Ganhou com mérito político e profissionalismo pessoal e propagandístico. Acabou com alguns monopólios de que a certa esquerda se arrogava. Belém era um deles. O direito quase divino de ser um civil do PS o Presidente para sempre, era outro. Durante dez anos preparou com inultrapassável profissionalismo a vitória de ontem. Ah, é verdade: espero que a comunicação social tenha percebido que os seus inquéritos de ocasião não elegem nem deselegem ninguém.

Notas Pós-Eleitorais 3

O bom resultado de Alegre apenas demonstra que a via partidária de intervenção cívica e política é apenas a via mais estreita. Se Alegre honrar o voto de mais de um milhão de portugueses deverá continuar na via larga, patrocinando vias alternativas de intervenção do cidadão na coisa pública (Helena Roseta já deu o exemplo ao promover a primeira iniciativa legislativa popular com o objectivo de revogar o anacrónico 73/73). Fundar um partido seria contraproducente e contraditório. Espero que a memória do PRD esteja ainda presente.

Um Pedido De Desculpas Público

Caro David Afonso, Pedro Santos Cardoso e todos os restantes colegas.

Queria-vos dar uma satisfação para a minha saida deste blog no dia em que, curiosamente, ele encerra a sua nobre função, da qual me orgulho de ter contribuido numa modestissima parte.

A questão é que no passado dia 7 de Dezembro fui convidado a exercer funções de assessor de imprensa na CMAveiro e tive a minha vida profissional e pessoal (estava a trabalhar em Lisboa) feita em pantanas.

Estas primeiras semanas não foram fáceis e muitas vezes pensei em escrever aquilo que entendia como o fim da minha participação no blog. Lastimo não o ter feito. é um facto.

Se calhar porque queria intervir mais, se calhar porque tinha o bichinho de escrever e participar neste blog. a verdade é que não o fiz e por isso penitencio-me publicamente.

Achei este blog um espaço de participação fantástico, que vim ler todos os dias e gostava de manter contacto, como vou mantendo, com todos vocês, via blogues...

Um abraço a todos e como imagino que outros sintam o mesmo: VIVA O REI!

Se Todos Os Votantes Contassem...

Passos Perdidos!

Se os votos brancos e nulos contassem, para o cálculo das percentagens atribuídas a cada candidato (como acontece nas legislativas), Cavaco Silva NÃO teria sido eleito à primeira volta!

Teria obtido, apenas, 49,66% dos votos

É caso para dizer que foram "passos perdidos" os dos que interiorizaram os apelos ao voto e foram tentar "marcar posição".
Estes votos não foram considerados para o cálculo das percentagens atribuídas aos candidatos, nem foram "considerados" como abstenção, contribuindo para reduzir esta percentagem (que começa a "incomodar"). Nos resultados oficiais, é como se estes eleitores não existissem...
É caso para dizer: é o cúmulo da vigarice!

Presidenciais 2006, Resultados!


No meio dum turbilhão de coisas para analisar, criticar, (cuja verdadeira dimensão e significado ainda desconhecemos) vamos ater-nos, por agora, apenas, aos VERDADEIROS Resultados Eleitorais de ontem, calculados com os números disponibilizados pelo site oficial, às 12 horas do dia 23 de Janeiro de 2006:

TOTAL DE ELEITORES INSCRITOS: --- 8 830 706 ------ Perct.
Total de votantes ------------------------- 5 529 117 ----- 62,61%

Cavaco Silva --------------------------- 2 745 491 ----- 31,09%
Manuel Alegre --------------------------- 1 124 662 ----- 12,74%
Mário Soares ---------------------------- -- 778 389 ----- - 8,81%
Jerónimo de Sousa -------------------- -- 466 428 ----- - 5,28%
Francisco Louçã ------------------------- -- 288 224 ----- - 3,26%
Garcia Pereira --------------------------- --- 23 650 ----- - 0, 27%

Abstenção + Nulos + Brancos --------- - 3 403 862 ---- 38,55%

Se eu adoptasse a atitude, estupidamente presunçosa e mesquinha, que caracteriza os políticos e os apoiantes dos concorrentes, proclamaria vitória e reivindicaria “a credibilidade” devida a se terem concretizado as minhas “previsões”.

Mas eu não faço isso porque, ao contrário dos referidos, não tenho problemas de auto estima, nem de afirmação pessoal, ou de “reconhecimento”; muito menos pretendo impor as minhas opiniões ou opções, em detrimento das alheias.

Não faço isso porque esta é uma situação deplorável, desesperante, que apenas “promete” a continuação e agravamento das “nossas desgraças”, da falta de esperança e ausência de auto estima colectivas. Não há como “alimentar” euforias (falsas)…

Não faço isso porque a circunstância de a situação ser da total responsabilidades dos protagonistas políticos não adianta um milímetro à luta por mais e melhor democracia.
Não faço isso porque eu não ganhei nada! Perdemos todos!

Não faço isso porque “mais e melhor democracia” implica igual respeito pelas opiniões e opções expressas por todos e por cada um, incluindo a abstenção (sem excluir “os outros”).
Não faço isso porque o que me move é lutar pelo reconhecimento do respeito devido a TODOS, incluindo, portanto, os que votaram em algum dos candidatos. Não estou a disputar espaço alheio, mas o direito ao próprio espaço, a que este não seja apropriado, indevidamente, por outros

Mais! Luto pela valoração da abstenção, apenas e só, porque permite resolver os nossos problemas colectivos.
Luto pela valoração da abstenção porque a nossa classe política é composta por gente sem pudor, sem vergonha e sem dignidade, cínica, a quem tem de ser imposta “rédea curta”, meios de responsabilização, para travar os seus ímpetos perversos, que nos têm destruído (e nos irão continuar a destruir, como se pode ver pelo resultado destas eleições).

Cavaco Silva foi conduzido em ombros, pelos restantes, candidatos, desde antes de ter anunciado a sua candidatura, até à eleição. Ganhou, com a ajuda de todos os outros. Por isso nenhum se pode queixar dos resultados, que ajudaram a “obter”. Principalmente o Primeiro Ministro, apostou, desde o início, na eleição de Cavaco Silva. Este foi o “seu” candidato, desde sempre. Eles são da mesma laia… TODOS!

Já agora, como termo de comparação (e porque este post tem grandes probabilidades de ser lido à distância; no tempo e no espaço), aqui ficam as percentagens oficiais, de votos, atribuídas a cada candidato:
Cavaco Silva ------ 50,59%
Manuel Alegre ---- 20,27%
Mário Soares ----- 14,34%
Jerónimo ---------- - 8,59%
Louçã -------------- - 5,31%
Garcia Pereira ---- - 0,44%

Convenhamos que ser eleito com 50,59%, ou ser eleito com 31,1% dos votos tem significados completamente diferentes. A vigarice é tal que a população nem sequer tem direito à verdade dos números…

Notas Pós-Eleitorais 2

50,59% não é um resultado que permita afirmar que o país deu uma guinada à direita. Os eleitores de Cavaco são em grande maioria os mesmo eleitores de Sócrates. Os mais radicais nestas coisas ainda podem a afirmar que ainda não foi desta que a direita elegeu um PR (e a memória de Cavaco a cantar a Grândola, Vila Morena não ajuda nada).

Notas Pós-Eleitorais 1

A vitória de Cavaco é clara, no entanto não se tratou de um episódio de «favas contadas» como todos (todos: Cavaco, PSD, PS, Soares, Imprensa em geral, Garcia, sondagens, etc...) diziam que ía ser. Para já, duas certezas: as sondagens empolaram o desempenho do Professor (e de Soares...) e se a estratégia da esquerda tivesse sido mais consistente a cantiga agora era outra.

O Discurso A Eleger

O Prof. Cavaco passou a campanha a encenar a pose de Estado que lhe permitisse exibir a credibilidade justificativa da sua disponibilidade para o lugar. O Presidente Eleito terá agora de articular uma atitude humana, contrária à distanciação, para se credibilizar como digno dele. Nos actos será mais fácil do que nos discursos, já que os do Presidente pouco ouvidos são. Pode começar, no entanto, pela forma deles, suprimindo as prolongadas pausas de leitura das vírgulas, um tanto irritantes no discurso da vitória. E é esta desvirgulação do Supremo Magistrado da Nação bem ilustradora da tragédia que é ter de, à vez, adoptar retóricas entre si opostas, tudo por não haver sido, desde o berço, treinado para o efeito, com a enformadora autenticidade do sentir e do sentido.

Imprensa (23/01/2006)

Vencedores E Vencidos

Vencedores
Cavaco Silva
José Sócrates (Primeiro-Ministro)
Manuel Alegre (o que ficou à frente de Soares)
Jerónimo de Sousa
Marques Mendes (o que apoiou o candidato vencedor)
Ribeiro e Castro (o que apoiou o candidato vencedor)
Ramalho Eanes
Freitas do Amaral
Garcia Pereira
António Borges
Pulo do Lobo

Vencidos
José Sócrates (Secretário Geral do PS)
Mário Soares
Clã Soares (é muita derrota em três meses)
Manuel Alegre (o que não forçou a segunda volta)
Francisco Louçã
Santana Lopes
Joana Amaral Dias (a do BE)
Joana Amaral Dias (Mandatária de Mário Soares)
Rui Oliveira e Costa
Marques Mendes (o que vai ter a vida dificultada na oposição)
Ribeiro e Castro (o que vai ter a vida dificultada no partido)
Super Mário

Prontos

E prontos!

Cavaco lá ganhou e Maria Cavaco substituirá Maria Rita como primeira dama - ligeira melhoria, mas pouco.

Quanto às sondagens, estiverem bem mais afinadas que nos últimos actos eleitorais. Através de uma leitura apressada do Margens de erro, vejo que a sondagem que mais se aproximou dos resultados finais foi a do Correio da Manhã feita pela Aximage e publicada no dia 20. Curiosamente esta foi a que teve uma amostra menor. Coisas que Pedro Magalhães explicará concerteza.

Quanto a Vencedores:
CAVACO, claro
Manuel Alegre - colocou Soares no seu devido lugar!
Jerónimo Sousa - concorreu para defender a sua posição e venceu Louçã em toda a linha.

Vencidos
SOARES - levou o maior banho da sua vida e ... não havia necessidade disso.
Louçã - Quis dar uma estocada no PCP, mas o Sr. Professor acabou estoqueado pelo operário Jerónimo em faena que mereceu alguns aplausos apenas.

Joana Amaral Dias
A corte Soarista
Santana Lopes - espero que para sempre!

Quanto a Sócrates, acho que ganhou, pelo menos sob o ponto de vista interno.Com Soares a carpir mágoas, a sua clique não terá mais remédio que encarneirar a contra gosto atrás do lider.
No que respeita a Alegre, Socrates, desculpando-se com a "Traíção", fará sem dúvida sangue para ser o lider incontestado do PS pelos próximos anos.

Em jeito de despedida, dedico ao Dr. Soares esta música dos Felt, que julgo bastante apropriada ao momento que ele vive - "Dismantled King is off the throne"




Publicado também no "Nova Floresta"

domingo, janeiro 22, 2006

O Eleito

Muitos portugueses têm mau perder. Gostam de apostar em vencedores porque gostam de ganhar. A ideia de perder é insuportável, mais ainda num país que é um poço onde se cai, um cu de onde não se sai como dizia João César Monteiro, o inventor do cinema cego.
Quanto mais destacado nas sondagens está um partido ou um candidato presidencial maior é a probabilidade desse partido ou candidato presidencial vir a ganhar eleições.
Muitos portugueses não gostam de ver maus resultados no Domingo à noite, na véspera de mais uma semana de trabalho. Não gostam de arriscar votar em alguém que sabem não ter hipóteses de ganhar. A ideia draconiana de um sorteio eleitoral para a Presidência da República não é tão irrealista como possa parecer à primeira vista. Ou à primeira volta. Só que é um sorteio à portuguesa. Um sorteio com batota, em que se viciam com entusiástica alegria os próprios resultados. A mentalidade do jogo e do sorteio, última esperança para quem quer resolver a sua vida sem esforço, o síndroma Euromilhões é parte integrante da mentalidade autóctone seja na forma de eternos subsídios a fundo perdido seja no preenchimento frenético de boletins de jogo, ou de voto. Tudo menos dispender esforço na procura de soluções para os problemas que importa resolver. Eles, os políticos, são eleitos para isso. Nós, os eleitores incumbimo-los dessa árdua tarefa, dizem. Mesmo que se trate da eleição de uma figura meramente representativa como é o Presidente da República. O único super poder que tem é o de dissolver a A.R. ou demitir o Primeiro Ministro. E mesmo esse super poder, a Bomba Atómica como alguns lhe chamam, longe de ser uma decisão solitária, só tem sido aplicado com sucesso até agora porque tem tido a esmagadora maioria do apoio popular quando é exercido. Apenas uma vez o General Ramalho Eanes se serviu dele sem o apoio incondicional de todas, ou quase todas, as forças políticas em acção na altura e o preço que pagou foi o mais alto: a implosão do Eanismo.
Cavaco sabia isso antes de ganhar as eleições e terá isso em conta agora, mantendo Sócrates à frente das medidas impopulares que ele, enquanto 1º Ministro refém da sua pusilanimidade, jamais conseguiu concretizar.
O retumbante 2º lugar de Manuel Alegre, escandalosamente à frente de todas as sondagens feitas, mostra o receio que muitos têm de, publicamente, criticarem César, ou seja Mário Soares, com medo de virem a sofrer represálias incalculáveis, acabando na arena, pasto das feras.
Soares está definitivamente acabado, apunhalado pelas costas no silêncio das cabines de voto.
Lamentável o destaque dado pelas estações televisivas, em conjunto, às justificações dadas por um Primeiro Ministro pela derrota do candidato do seu partido enquanto o segundo candidato discursava. O timing disso não foi inocente. A República é assim, pequenina e vingativa.
Quanto aos resultados irrisórios dos candidatos do PCP do BE e do MRPP, esses resultados falam por si: Os eleitores mobilizaram-se sim. Mas não por eles.
A grande percentagem de abstencionistas neste acto eleitoral também tem um significado. E, quanto a isso, a República tem razões de sobra para continuar o que começou a fazer ontem: reflectir.

Felicitações

Resolvida a questão do inquilino de Belém, e como nós aqui n'O Eleito nos propusémos a discutir a República até à tomada de posse, amanhã já poderemos discutir as reformas necessárias a este país que de uma forma ou outra todos queremos seja melhor no futuro.

Um grande bem haja e um abraço de felicitações democráticas a todos os que aqui manifestaram o seu apoio a Cavaco Silva.

Os Presidentes


Teófilo Braga (1910-1911)

Manuel Arriaga (1911-1915)

Teófilo Braga (1915)

Bernardino Machado (1915-1917)

Sidónio Pais (1918)

Canto e Castro (1918-1919)

António José de Almeida (1919-1923)

Manuel Teixeira Gomes (1923-1925)

Bernardino Machado (1925-1926)

Mendes Cabeçadas (1926)

Gomes da Costa (1926)

Óscar Carmona (1926-1951)

Craveiro Lopes (1951-1958)

Américo Tomás (1958-1974)

António de Spínola (1974)

Costa Gomes (1974-1976)

Ramalho Eanes (1976-1986)

Mário Soares (1986-1996)

Jorge Sampaio (1996-2006)
Cavaco Silva (2006- ?)

Sangue

Sócrates começa a falar enquanto Alegre discursava.

Marques Mendes

Marques Mendes queria ver se aparecia e se voltava a poder falar com jornalistas mas primeiro Jerónimo e depois a saida de Cavaco voltaram a abafá-lo...

Que Grande Democrata !

- Cavaco Silva para aqui, Cavaco Silva para ali
- Ganhou por pouco
- A direita apoderou-se deste orgão se soberania

Camarada Jerónimo

Como É Que Ele Vai Ser Chamado Agora?

Sua Excelência Sr. Presidente Professor Cavaco Silva ou Sua Excelência Sr. Professor Presidente Cavaco Silva?

A Festa

Compreende-se que Louçã pretenda nesta altura fazer um discurso positivo para chamar à luta todos os que votaram nele ou na esquerda... o que não se compreende é que na sede de Louçã parece que se vão abrir garrafas de Champanhe...

And Now I Know How Joan Of Arc Felt

Mais Uma Vitória Da Democracia

O Bloco está a transformar-se num partido que também nunca perde eleições.

Prémio LATA

Francisco Louçã vem dizer que os resultados são uma penalização ao governo de Sócrates.

Nota Positiva

Nota positiva desta noite... a Ana Gomes não chamou traidor a ninguém...

Match Point [5]

Pergunta às 20:50

É impressão minha ou os resultados oficiais são apurados mais rapidamente ?

Match Point [4]

DERROTADO
VENCEDOR

Fractura

As informações que vêm do STAPE confirmam, apesar das 992 freguesias mais populosas que ainda falta apurar, confirmam a vitória de Cavaco à primeira volta e deixam aberta uma fractura no PS...

Prevê-se para breve o discurso "presidente de todos os portugueses", mas a intervenção mais aguardada da noite será a de Sócrates.

Ana Gomes

Diz que Alegre tem culpa na derrota da esquerda.

Esta sabe menos acordada do que a outra metade do PS a dormir.

Vai Começar

Jorge Coelho

Vem agora dizer que o PS apoiaria Manuel Alegre numa possível segunda volta.

Este sabe mais a dormir que metade do PS acordado.

Match Point [3]

Match Point [2]

Match Point

Cavaco Acusa Nervoso Miudinho




É impressão sua, professor. Ninguém lhe está a chamar macaco. Tenha calma que em breve saberá os resultados.

Votar Em Miragaia

Pois é, Pedro. Apesar da diferença de idades, a nossa experiência não diverge muito. Também andei nessa escola e também passava os intervalos nos montes que por lá ficaram, para nossa felicidade, durante anos. Obras à portuguesa, concerteza. Entretanto, por cá, pelo Porto, por onde faço já metade da minha vida, voto na 3ª Secção da Freguesia de Miragaia, ou seja, na Alfândega Nova. Votar neste edíficio dá um sabor especial ao exercício. Os corredores são infinitos e as salas de proporções cosmológicas. O rio ali perto convida a um último cigarro antes do voto. A coisa ganha gravidade. Contudo, hoje reparei que os corredores estavam vazios...

Memórias

Acabei de votar. A nostalgia do passado bate-me à porta e espreita-me à janela, invariavelmente, nestes dias de eleições. Sempre. Entrar na escola preparatória onde passei dois anos da minha infância, rever cada canto, cada bloco. Já não há «os montes» lá atrás, como lhe chamávamos. Íamos sempre para lá, nos intervalos, lançar «torresmos» uns aos outros. Verdadeiras batalhas campais. Agora, em vez de «os montes», um campo de ténis. Mas o funcionário é o mesmo. Não mudou nada (ou, se mudou, não dei por isso): a mesma falta de cabelo, as mesmas costas semi-curvadas, as mesmas orelhas Topo Gigio, o mesmo olhar perdido, que só recupera a consciência quando há uma tarefa a executar. Depois, verdadeiras relíquias saem do baú. Pessoas que já não via desde a infância. Por onde andarão elas em dias em que não há eleições? No caminho de regresso (fiz questão de ir a pé, este exercício de arqueologia faz-me bem), cruzei-me com uma colega da escola primária. Gostávamos, naquela época, um do outro. Nunca mais falámos, nunca mais nos vimos. Quando olhei para ela, foi tarde demais: já ela passava, perpendicular ao meu ombro. Não nos cumprimentámos. Os cem metros seguintes, caminhei-os com uma certa tristeza por não lhe ter falado. Pode ser que nas próximas eleições a reveja.
Este sentimento estranho acompanhou-me até chegar a casa. Mesmo na hora do voto estive sob este efeito narcótico. Apesar de ter votado alegre. Mas, como disse há pouco, estes alfarrábios da memória, embora um pouco nostálgicos, fazem-me bem.

Afluência Até Às 17h

A poucas horas do fecho das urnas a afluência, ainda agora anunciada, fica apenas pelos 49%. Ora, um número de abstenção tão elevado pode baralhar as contas a todas as candidaturas.

A única verdadeira surpresa desta noite poderia ser a existência de uma segunda volta, que assim pode estar comprometida. No entanto, o raciocínio inverso também é possivel, tendo alguns votantes de Cavaco Silva desmotivado devido às sondagens que lhe davam a vitória à primera.

De qualquer forma perdem todos e especialmente os portugueses que continuam a afastar-se da politica.

Dúvidas Dominicais

Neste Domingo eleitoral tenho apenas algumas dúvidas!

Conseguirá Cavaco a vitória à primeira volta, ou iremos ter de aguentar mais uma seca de campanha?

Conseguirá Alegre colocar Soares no sítio devido?

Qual o grau de acerto da "Sondocracia" nacional?

Publicado também no Nova Floresta.

Aliar O Útil Ao Agradável

A GNR foi chamada a intervir algures na freguesia de Vilares da Vilariça para impedir que ocorresse um almoço de uma batida ao javali no mesmo espaço da secção de voto para as presidenciais.

Sondagem O Eleito

Cerca de duas semanas, foi o tempo que a nossa sondagem esteve on line. Segundo a mesma, temos 2ª volta, o que contraria a esmagadora maioria das sondagens realizadas até ontem. A ver vamos se a nossa é a mais fidedigna.

Votem!

Vote em Si
Vote no Rato Mickey
Vote no Cunhal
Vote em Ramalho Eanes
Vote em D. Duarte
Vote na Manuela
Vote no Vieira
e também na Carmelita

Vote, porque o Branco e a Poltrona da sala não contam mas nulo, conta e só assim pode mais tarde exigir mais e melhor!

Post-Scriptum: Se quiser votar em um dos 6 nomes do boletim, também pode!

Publicado também no "Nova Floresta"

Imprensa (22/01/2006)

A Preguiça

Confesso que sou sempre um potencial abstencionista. Eu faço parte daquela franja dos eleitores que se achar que o candidato que apoia vai ganhar fica em casa.

O 25 de Abril já foi há muito tempo e a história de que antigamente não se podia votar não me seduz nada. Compreendo que quem tem mais de 45 anos se lembre bem e que a memória do passado o empurre para as urnas. Mas para mim, e penso não ser o único, votar é um direito natural. Quando cheguei já cá estava.

Escrevo isto para lembrar que a abstenção não é só descontentes e revoltados. Também lá tem muitos preguiçosos e comodistas.

O Descanso

Depois de 34 viagens, 67 festas, 52 reuniões e 7 conferências.
Depois de 4 entrevistas à televisão, 12 aos jornais, 6 à rádio e 4 debates.
Depois de 100 almoços, 100 jantares e 40 almoços ajantarados onde se incluem 133 febras grelhadas, 56 frangos assados e 86 sandes mistas.
Depois de 236 cafés, 476 sumos de laranja e 32 litros de águas com gás.
Depois de 54 pastilhas de Kompensan, 23 comprimidos de Nimed e 37 gotinhas de Cholagutt.
Depois de beijar 365 criancinhas, 256 velhinhos, 96 peixeiras e 58 vendedoras de fruta.
Depois de apertar a mão a 821 homens e 767 senhoras, abraçar 245 entusiastas e levar um estalo de 1 veterano.
Depois de fazer 2.458 vezes o sinal de OK, 5.699 o sinal de adeus e por 1.685 vezes juntar as duas mãos no ar.
Depois de mandar um SOS.
Depois de quase deslocar o maxilar.
Depois de dizer “Olá, Como está ?” 12.659 vezes, fazer 34.856 mini-conversas de treta e ouvir 63.845 desgraças.
Depois de ter que ir pedir dinheiro ao banco, aos interesses ocultos, aos capitalistas e ao partido.
Depois de ter que aturar 89 desportistas, 165 sindicalistas, 46 empresários, 236 operários, 1.875 pessoas da cultura e o Alberto João.

Depois disto tudo, qualquer pessoa precisa, e merece, um dia de descanso. O absurdo é o nome que lhe dão. Deveria chamar-se Dia de Descanso do Candidato. Seria a verdade e todas as pessoas compreenderiam.

Mas depois da campanha, “instruir” os eleitores a sentarem-se e a pensarem em quem vão votar é de um paternalismo patético que só não é insuportável porque verdadeiramente ninguém se importa. Hoje até deu futebol na televisão e tudo …

sábado, janeiro 21, 2006

Reflexão

Hoje, por imposição legal, o Pais tem de reflectir, antes de ir às urnas amanhã. Mas neste acto eleitoral, que há para reflectir?
Pouco ou nada!
Os candidatos poucas ideias apresentaram ao país, e estas, são já antigas. Tão antigas que até lhes chamamos “ideias feitas”, objecto de inúmeras “reflexões” em eleições passadas.

Por minha parte, e em jeito de balanço, apenas registo nesta campanha, um único facto. Melhor dizendo, um único “exemplo” – Manuel Alegre.

O Poeta, que nos 30 anos que levamos de Democracia, sempre se ocupou um lugar terciário na sombra política, era em meados do ano transacto, o candidato oficioso do PS, muito por culpa dos inúmeros passos atrás, dados por outras figuras do Universo Socialista. Mas num Golpe de teatro Mário Soares sai das prateleiras da história, dá o dito por não dito e apresenta a sua candidatura, com candidato do PS, ignorando completamente o seu amigo e antigo companheiro de lutas de há mais de 40 anos.
Para Alegre isto foi pior que uma facada nas costas. Aqueles que até então lhe davam abraços e palmadinhas nas costas, viraram-lhe a cara, ameaçaram-no publicamente num dos mais abjectos actos de politiquice nojenta.
Nesse momento, Alegre parecia o Portugal de hoje, triste, só, abandonado por aqueles que julgava por amigos. Num jantar em Viseu, Alegre chegou a anunciar a sua capitulação, tal era o poço profundo de lisas paredes para onde os seus “amigos” o haviam atirado.
Mas essa capitulação nunca chegou! Contra tudo e contra todos, Alegre investiu, e foi à luta, sem meios, sem apoios, sem benesses, usando apenas a sua voz, qual David contra Golias Soares.

Sinceramente pouco me importa o resultado de amanhã. Alegre é o vencedor. Onde ontem existia uma penumbra onde se ocultava um poeta algo cinzento e ultrapassado, aparece hoje um líder político, muito mais respeitado que os seus pares e não tenho dúvidas que num futuro próximo iremos ouvir a sua voz, e garanto que não será a declamar poemas.

Acima, afirmei que a candidatura de Manuel Alegre, mais que ser um facto, era um “Exemplo”. É um exemplo, porque nos das que correm, Portugal está numa situação similar àquela em que Alegre esteve. Para Portugal sair deste marasmo, não tem outra alternativa que “ir-à-luta”. Pena é que destas eleições não saia “O eleito”, que leve Portugal ao combate. Resta-nos então contemplar as lisas paredes deste poço onde estamos ainda a cair.

Publicado também no “Nova Floresta

Imprensa (21/01/2006)

Lei Da Reflexão

A luz ou qualquer outra onda, ao incidir numa superfície polida, segue a chamada Lei da Reflexão, que nos diz que o ângulo no qual o raio de luz atinge a superfície é o mesmo que será reflectido. Isto confirma as minhas piores suspeitas: qualquer reflexão hoje feita pelos portugueses é inútil - o ângulo pelo qual incidimos as nossas preferências nos últimos tempos é o mesmo que será reflectido amanhã.

Suspense

Vamos lá ver se amanhã o filho de Mário Soares não vai apelar ao voto no pai.

A maior de todas elas é o dia de hoje. O célebre "Dia da Reflexão". O legislador presumiu organização e método no raciocínio do eleitor e marcou dia e hora para o pensamento. Esta idiotice tem desencadeado outras. A mais célebre de todas é a rábula de o Expresso sair ao sábado com data de sexta.

Nestas eleições, porém, acresce ainda outra idiotice. Os votos brancos não contam. Mas os nulos contam. Vejamos: se um cidadão quer votar, mas não o quer fazer em nenhum candidato, não pode votar em branco para contar na estatística das percentagens eleitorais. Mas se, num vaipe de vernáculo clandestino deasatar a insultar os candidatos, a fazer redações de calão ou umsimulacro de artes plásticas no rectângulozito, já conta.

Chiu!


O povo está a reflectir...

A Teoria

Há uns anos atrás, circulava por este país a seguinte teoria, directamente saída das fileiras socialistas :

Uma das razões para a animosidade entre Mário Soares e Cavaco Silva, além da cimeira das rosas, foi o facto de, em 1986, Cavaco Silva não ter apresentado a sua demissão ao recém-eleito Presidente da República Mário Soares. Diziam os seus teóricos que, considerando que é o Presidente quem dá posse ao Primeiro-Ministro e que este está hierarquicamente no degrau inferior, Cavaco Silva deveria ter posto o seu lugar à disposição de Mário Soares. A demissão não seria obviamente aceite, mas ficaria registada a submissão do Primeiro-Ministro ao Presidente da República.

Ao não o fazer, Cavaco Silva como que estaria a dizer a Mário Soares que quem lhe tinha dado posse tinha sido o povo português e não ele, como de resto a Constituição estipula. E que isso tinha sido justo motivo para Mário Soares se sentir afrontado.

Passaram vinte anos, e agora o Primeiro-Ministro que vai assistir à chegada do novo Presidente é socialista.

Enfim, nada como um bom velho provérbio português : Há mais marés que marinheiros.

Elogios Fúnebres

Manuel Alegre
O último tempo de antena de Manuel Alegre na televisão (e talvez na rádio, não sei) foi bastante simples mas também bastante bonito.
Perante um discorrer de imagens idílicas de Portugal, a voz de Alegre a declamar a Trova do Vento que Passa. Um grande poema e uma grande voz.
Apesar de não ter percebido o que é aquilo tinha a ver com a eleição presidencial, foi, repito, um momento televisivo bastante bonito.

Mário Soares
Eu pessoalmente não era capaz de aguentar o esforço físico destas últimas semanas. (E não estou a brincar.)
E apesar de não ser uma propriamente uma virtude, (pois caso contrário não se candidataria), há que reconhecer que para um homem de 81 anos é bastante desgastante. A prova foi a rábula do CDS/Partido Popular Europeu. Aquilo foi um momento de completo desgaste físico e mental.
Por isso, ainda bem que não vai ganhar. Só para ele recuperar do esforço, iríamos ficar sem Presidente durante três meses.

Jerónimo de Sousa
Apesar das ideias retrógradas, penso que é a confirmação da pessoa. Muito melhor que o “cassete” Carvalhas e o “nosso povo, nosso povo” Cunhal.
Digamos assim : Já tenho dúvidas se realmente os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço.

Francisco Louçã
Um político que a cada eleição que passa consegue esconder que se chama também Anacleto… merece o nosso elogio.

Garcia Pereira
Parece que ganhou algum juízo. Sempre contra os porcos capitalistas, é certo, mas sem aquela agressividade que o caracterizava.
Enfim, talvez seja impressão minha. O melhor será esperar pela próxima eleição.

Dinamismo E Dinâmicas

Os rivais do Prof. Cavaco vivem um problema atroz: como transformar uma dinâmica de derrota mitigada, dada pelo decréscimo dos números do camisola amarela nas sondagens da última semana de campanha, numa dinâmica de vitória? Só o poderiam fazer com grande dinamismo e, sabendo disso, desdobraram-se em declarações que são, por vezes, verdadeiros tiros no pé. A última do candidato presidencial do Eng.º Sócrates misturava um duplo conformismo. Disse: «Façam o que fizerem os nossos adversários, temos de andar alegres». Uma dual confissão de fracasso, em que a primeira parte da frase se dirige ao ganhador e a segunda parece uma admissão de derrota face ao concorrente mais próximo. O vencedor que se profetiza, por seu lado, não criou o dinamismo falso de puxar pelas massas. Deixou que estas fossem dínamo por seu risco, mas conta dele. Os jogos estão feitos. E cinco dos candidatos também...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Temos Vencedor

No campeonato da contagem de cabeças em recinto fechado...
O vencedor é Jerónimo de Sousa...

Mais Coisa Menos Coisa ...

Professor Cavaco Silva: 53%
Anti-Cavaco : 17%
Candidato Oficial do PS : 15%
PCP : 7,5 %
Bloco de Esquerda : 7 %
Carrefour : 0,5 %

Biranta : 39 %

A Minha Sondagem

Também fiz a minha previsão. Subjectiva, tendenciosa e comprometida. Enfim, como outra sondagem qualquer. Aqui está:

Cavaco: 48%
Alegre: 19%
Soares: 16%
Jerónimo: 8,5%
Louçã: 7,5%
Garcia: 0,5%

Estão abertas as apostas, meus senhores!

A Sofisticação Propagandística

É curioso como as "manchetes" de alguns blogues já estão montadas para inspirar o absurdo dia de reflexão...

Os Sapos Do Professor

1. Este homem é o primeiro perdedor conhecido destas eleições: 1) Se Cavaco perder, o PP tratará de imolar o líder que os conduziu ao desastre; 2) Se Cavaco ganhar, ganha o PSD. O «outro partido» será erradicado da memória da direita portuguesa.
2. O professor não gosta de engolir sapos e não se esquece. Jardim, Santana e PP é muito sapo para um homem só. O espírito de sacrifício do professor ainda lhe permitiu tolerar o primeiro, o segundo deu direito a um esgar de vómito e o terceiro será uma vingança lenta e eficaz. Eu avisei.

Imprensa (20/01/2006)

- Sondagem CM/Aximage: Cavaco 49,8%
- Sondagem DN/TSF: Cavaco 53% e Alegre passa os 20%
- Último dia de campanha é em Lisboa
- Muitos eleitores indecisos
- Incógnita domina período de reflexão

- Entrevista a Botelho Ribeiro
- Garcia Pereira diz que PS é culpado
- Garcia em Caxias
- Louçã faz novo apelo aos socialistas indecisos
- Louçã quer vencer pelas ideias
- Louçã não acredita na vitória de Cavaco
- Jerónimo exige políticas de esquerda
- Jerónimo na Autoeuropa
- Jerónimo: PS está a usar mal a maioria absoluta
- Alegre não dará margem a interesses ilegítimos
- Alegre em Lisboa
- Alegre pede união socialista para a 2ª volta
- Rui Zink com Alegre
- Cavaco diz que pode tornar sonhos em realidade
- Cavaco associa eleição a civismo
- Regresso ao cavaquistão
- Sócrates desculpa-se com a divisão
- Soares cantado ao desafio

Perguntas Presidenciais (7)


Alguém sabe o paradeiro de Marques Mendes e do outro (Ribeiro e Castro)?

Fim De Festa

Chega hoje ao fim a campanha eleitoral e por isso importa fazer um balanço do que nos últimos meses e mais concretamente nas últimas duas semanas aconteceu neste país.

Houve arruadas, debates, dramatização, comícios, jantares, sondagens, insultos mais ou menos velados, silêncios (muitos silêncios) e polémicas quanto baste, mas escassearam as ideias fundamentais para o país e para os portugueses ganharem a confiança perdida.

Aliás a maior parte dos discursos manteve-se na confortável zona da discussão do estilo de intervenção presidencial e do papel na crise que todos pretendem ajudar a resolver, de forma não claramente especificada.

Desenganem-se os portugueses sobre o papel do presidente na recuperação da confiança nacional, pois nenhum aceitará ser uma espécie de embaixador itinerante à procura de investimento estrangeiro por esse mundo fora, ainda que possam viajar com empresários e ministros.

Desenganem-se sobre a intervenção do presidente no papel do governo, seria o pior serviço a Portugal e aos portugueses um Presidente que bloqueasse o trabalho do governo. Os portugueses não iriam entender as razões objectivas de um confronto aberto entre Belém e São Bento e isso apenas iria consubstanciar a nossa depressão actual.

A campanha esgotou-se perante o pensamento exclusivamente económico do professor e a discussão sobre a impossibilidade de o colocar em prática a partir de Belém.

Ficaram para trás inúmeras questões sobre o exemplo que o Presidente deve ser para todos os portugueses e sobre todas as matérias que interessam à manutenção do estado de direito democrático, ao papel de Portugal no mundo, à defesa do património e cultura portuguesa. No fundo todas as questões ligadas à manutenção da identidade nacional que se encontra pelas ruas da amargura.

Independentemente do resultado do próximo domingo, posso garantir que continuarei a dormir descansado. A única coisa que pode manter-me angustiado é pensar por quanto mais tempo vamos permitir que estes políticos durmam descansados….

Aposta que sabes!

Cavaco: 54%

Alegre: 16.5%
Soares: 15.5%
Jerónimo: 8%
Louçã: 5.5%
Garcia: 0.5%

Para a BetandWin posta do Mau Tempo no Canil.
Tiago Alves
Adenda à posta d'O Telescópio: É impressão minha ou aqui n'O Eleito sou agora o único da ala liberal?

Contraditório

Só cheguei ontem e é por isso que só hoje venho usar o direito do contraditório a esta notícia, que fez capa do DE de dia 18:
A abstenção vale 10% dos eleitores: Pode ser verdade. No entanto, não podemos esquecer que a abstenção não existe só nas sondagens mas também no Domingo. E portanto nada nos diz que a abstenção que grassa nas sondagens não seja igual à que figurará nos resultados finais. Pelo contrário. Como diz Pedro Magalhães, esta não é, per si, fonte de erro, embora se deva considerar o problema da abstenção diferencial, que pode beneficiar/prejudicar um ou outro candidato. Não é também mentira, porém, que o estigma do "isto está tudo decidido" afecta muito mais os apoiantes do professor do que os dos restantes candidatos. Assim sendo, é bem provável que da tal abstenção saia um número minimamente proporcional entre os candidatos de reais votantes. E isto na pior das hipóteses para Cavaco.
Maioria dos indecisos está à esquerda: Não concordo em absoluto. Se há espaço ideológico que está bem representado nesta eleição é a esquerda. Temos candidatos para todos os gostos, desde os radicais aos moderados. Pelo contrário, o campo orfão é a Direita, com um único candidato, que até se afirma social democrata (não esquecer que a língua portuguesa é traiçoeira - social democracia é centro-esquerda), e que não tem conseguido, como se vê, entusiasmar muitas direitas, a começar, por exemplo, pelos meninos da Juventude Popular. Não acho que a divisão do PS seja um motivo que suplante este e que os socialistas sejam os tais indecisos. Todos os partidos têm facções. Se há candidatos de duas facções (e candidatos de peso), decerto cobrem de um modo ainda mais abrangente todas as posições.
Só as últimas sondagens reduzem a margem de erro: Está bem, e então? Esta foi um bocadinho rebuscada. Quer isto dizer que devemos esquecer todas as anteriores e centrarmo-nos apenas nesta? Então para que andaram a publicar as outras? Esta não percebi.
Em 2001, Sampaio teve menos 9,5% do que indicavam as sondagens: Tudo bem, mas foram eleições para o segundo mandato (que em Portugal se tem assemelhado a uma consagração), com apenas dois candidatos (o que aumenta a abstenção). Havia a consciência generalizada de que Sampaio estava eleito. A candidatura apoiada pelo PSD foi algo esquisito, até pela escolha do candidato. Muita gente ao telefone terá dito que votava Sampaio para no Domingo ficar em casa, pois estava feito. Não acho que tenha sido uma boa base de comparação. Dia 22 está em causa muito mais do que uma continuação. Está em jogo o rompimento do paradigma.
O melhor que poderia acontecer a Cavaco era aparecerem, nos últimos dias, umas sondagens a dizer que a vitória está em risco. Vai fazer todos correrem para as urnas (incluindo os do está feito e os outros) e votar no segunda quadrado, elegendo, à primeira, o Professor para Presidente. E elas aí estão. Num silogismo à Tiago Mendes, está ganho.

Tiago Alves

Da República Das Palavras À República dos Actos


A primeira coisa a fazer a partir da próxima segunda-feira é começar a lutar a sério pela IV República. Depois de meses de discursos e de torrentes de palavras sobre assuntos que a função não comporta, o Presidente da República a eleger no próximo domingo limitar-se-á, salvo circunstâncias de política patológica a falar, a preocupar-se e a viajar.

O Presidente que chega não poderá fazer mais do que o que fez o Presidente que parte. Nem quer que não seja assim. Cavaco Silva, como todos os outros, tem repetido incessantemente que não defende a mudança dos poderes que se propõe exercer. Louve-se-lhe a sinceridade.
A III República tem pavor a um Presidente com poder. Vive ainda submersa nos fantasmas das ditaduras. Quere-o simbolicamente manietado, palavrosamente inactivo e politicamente irrelevante. Excepto quando o próprio sistema se bloqueia e precisa de alguém que, conveniemntemente, lhe faça soltar a rolha para que tudo possa continuar a funcionar na mesma.

Esta República assombrada é uma República sitiada e inoperante. O Parlamentarismo crescente consome a confiança do povo nas instituições.

Acresce que, como bem observava Marina da Costa Lobo em oportuno mas despercebido artigo recente no Diário de Notícias, a União Europeia veio distorcer e governamentalizar ainda mais o sistema de Governo em Portugal. À medida que o modelo federal da União tem avançado, a tendência constitucional interna para diminuir os poderes das nossas instituições electivas e aumentar os poderes do Governo, tem aumentado.

Meio Portugal pelo menos está convencido que ter, pela primeira vez um Presidente civil que é do PSD e não do PS, consiste numa mudança política de fundo. A verdade é que, no fundo, é uma simples mudança, não política, mas pessoal. Não custa., aliás a crer que, salvo percalços de percurso anormais, Sócrates seja daqui a quatro anos o primeiro apoiante da recandidatura de Cavaco Silva, tal e qual como Cavaco Silva foi em 1991 o primeiro apoiante da recandidatura de Mário Soares.

O resto são pormenores. É minha convicção que Portugal precisa de mudar de sistema. E que para isso tem de perder complexos. Depois de amanhã apenas mudará a pessoa. De acordo com a mais estéril regra do rotativismo.

(publicado na edição de hoje do Semanário)

O Ilusionismo


Como escreveu Vicente Jorge Silva no Diário de Notícias de quarta-feira, o país no domingo prepara-se para plebiscitar uma ilusão. Já ao contrário do que escreveu Vasco Graça Moura no mesmo dia, no mesmo jornal, mas na página ao lado, a vitória de Cavaco Silva nas eleições presidenciais não significa o fim da crise nacional. Pela simples razão de que se tratará nessa eventualidade da vitória de um dos seus mais ilustres autores.

À míngua do pensamento actual, temos de recorrer ao passado para desmontar a ideia de Graça Moura. As auto-estradas foram óptimas. Tanto que os socialistas que antes as criticavam as continuaram a fazer. As privatizações eram certamente necessárias e indispensáveis, mas foram tremendamente mal feitas. Durante anos pagámos a factura das nacionalizações. E hoje pagamos a factura de algumas dessas privatizações. As privatizações estão para o cavaquismo como a descolonização esteve para o gonçalvismo. Uma boa ideia arruinada pelo método.

No mais tudo o cavaquismo engordou. O clientelismo, a partidarite, a despesa pública, o défice do Estado, o peso do Estado na vida dos cidadãos, o depauperamento da soberania nacional (o poder de mandarmos na nossa vida colectiva), a ineficácia e a inoperância do sistema educativo.
O problema é que estes erros em Cavaco Silva são uma ideologia. Hoje o candidato presidencial concorda com tudo o que permitiu ao Primeiro-Ministro executar essa ideologia. A Constituição, o sistema de governo, os poderes presidenciais. No que quer mexer não pode. Onde pode, não quer. A sua vitória não será o fim da crise mas a consagração do seu clímax.

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

A Única Dúvida

Alegre ou Soares ?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Imprensa (19/01/2006)

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